Veja como lidar com o tédio na infância e adolescência

Confira algumas dicas para fazer um uso positivo do tédio, transformando-o em momentos de autoconhecimento, prazer compartilhado e descanso para os filhos!

Você já parou para pensar que uma rotina recheada de atividades pode sobrecarregar os seus filhos e afetar o seu desenvolvimento? Saber como lidar o com tédio na infância e na adolescência é uma habilidade socioemocional de extrema importância, mas nem sempre damos a devida atenção a ela!

Na maioria das vezes, quando temos tempo livre, nos sentimos incomodados e queremos logo preenchê-lo com alguma atividade “produtiva”. Esse tipo de sentimento desconfortável é encarado como sinônimo de vazio e assola não somente os adultos, mas também (e cada vez mais) as crianças e os adolescentes.

Especialmente agora com a pandemia do coronavírus, é essencial ajudá-los a lidar com isso para que possam enxergar essa circunstância como uma oportunidade positiva.

A necessidade de nos mantermos entretidos e em movimento, além de gerar uma enorme ansiedade (apontada como um dos principais problemas de nossos tempos), é a responsável pela diminuição de nossa capacidade de imaginar, criar, descobrir e pensar por nós mesmos.

Por isso, listamos abaixo algumas dicas para que as famílias possam fazer um uso positivo do tédio, transformando-o em momentos de autoconhecimento, prazer compartilhado e descanso. Confira!

Desenhar espontaneamente

A ideia é que a prática do desenho seja livre, não estruturada — em outras palavras, que não tenha objetivo, roteiro, regras ou tempo preestabelecidos. Do mesmo modo, é interessante que os adultos tentem interferir o mínimo possível.

Oferecer à criança a possibilidade de entrar em contato com o mundo externo e interno e transpor seus sentimentos, suas percepções e perspectivas no papel é o grande propósito da atividade. Sensação de relaxamento, prazer e alívio mental também são benefícios proporcionados pelo simples ato de desenhar de maneira espontânea.

Criar histórias

O quarto, a sala e o jardim de casa podem se transformar, em segundos, em cenário de um filme de aventura maravilhoso e desafiante! Quando damos asas à imaginação, podemos modificar os significados e sentidos atribuídos àqueles objetos ou espaços aos quais estamos acostumados e que aparentemente não apresentam nenhuma novidade.

A capacidade de construir histórias mirabolantes a partir de elementos cotidianos — ou seja, a capacidade de olhar para as mesmas coisas e lugares de uma maneira diferente do habitual — colabora para espantar o aborrecimento causado pelo tédio e amplia os horizontes da criança e do adolescente.

A habilidade de criar e administrar narrativas pode ajudar muito no futuro, pois estamos sempre em busca de encontrar soluções inovadoras para os problemas que surgem, e é fundamental cultivar essa confiança com narrativas criativas e positivas.

Cuidar das plantas ou dos animais domésticos

Que tal pedir para que seu filho fique responsável pela tarefa de cuidar das plantas e dos bichos domésticos por um dia? O contato e a interação com a natureza exigem de nós uma atenção integral, isto é, quando nos dedicamos a um outro ser vivo, seja ele planta ou animal, estamos ativando mente, corpo, coração e espírito.

Plantar uma semente e acompanhar o seu desenvolvimento, assim como alimentar ou dar banho em um animal, nos ensina que toda forma de vida tem um ritmo próprio e necessita de cuidados. Senso de responsabilidade, solidariedade, respeito e empatia são habilidades fortemente estimuladas com esse tipo de atividade.

Assistir a um bom filme

Apesar do contato com o mundo “real” ser extremamente importante, as tecnologias também podem oferecer boas opções para esses momentos. Assim como um livro, os filmes, as séries e os documentários nos transportam para outro universo por algumas horas ou minutos.

Além disso, eles podem oferecer diversos aprendizados dependendo da temática escolhida. Não há problema em escolher aqueles voltados apenas para o entretenimento, mas de vez em quando vale a pena buscar conteúdos que conseguem conciliar conhecimento e diversão.

Há sempre pelo menos uma mensagem para refletir ao final desses programas, e os adultos podem ajudar a encontrar as lições, estimulando o pensamento crítico dos mais jovens.

Cozinhar em conjunto

Próximo à sensação de tédio provavelmente tem uma refeição prestes a ser feita, não é verdade? Quase sempre é hora de fazer um lanche, almoçar ou jantar. Nos alimentamos algumas vezes por dia e preparar os alimentos em casa é um hábito muito saudável, sem contar que essa é uma oportunidade de compartilhar uma tarefa com a família.

Ensinar a juventude a cozinhar não é bom somente para passar o tempo e poder saborear o resultado da receita. Essa é uma habilidade que pode fazer a diferença no futuro, conferindo maior autonomia na vida adulta ou até servindo como fonte de renda. Grande parte dos bons cozinheiros tiveram boas referências na infância!

Fazer trabalhos manuais

Vencer desafios e ser capaz de “construir” coisas é algo bacana, não é mesmo? Uma simples folha de papel pode virar um jogo, uma tela branca se transforma em uma linda pintura, fios de linha formam produtos artesanais, entre várias outras ideias.

O tédio é uma boa ocasião para testar habilidades e desenvolver talentos, mesmo que seja seguindo o modelo de tentativa e erro. Isto é, os resultados podem não ser os melhores no começo, mas a persistência não deixa de ser um aprendizado.

Como as novas gerações são conhecidas como nativos digitais, é importante existir esse incentivo aos trabalhos manuais para que os jovens não cresçam sabendo lidar apenas com o que é tecnológico. Inclusive, o uso de celular, tablet, computador, videogame e outras telas pode ser controlado para que haja espaço para esse tipo de atividade.

Pensar em brincadeiras criativas

A casa não precisa ser cheia de brinquedos ou equipamentos tecnológicos para que a criança “tenha o que fazer”. As brincadeiras podem ser simplesmente inventadas e não há a necessidade de recursos muito elaborados para que sejam divertidas.

Um contexto fácil para perceber isso é durante longas viagens de carro. Os pais costumam propor interações como achar carros de uma determinada cor na estrada ou acertar qual é a música que cada um está cantando. A criatividade é o que vale e o próprio tédio é um gatilho para começar a pensar em ideias legais.

Enfim, essas são algumas maneiras descomplicadas de auxiliar seus filhos naqueles momentos em que se sentem entediados por “não terem nada para fazer”. Aulas de idiomas, música, ball​et, natação e aplicativos educativos como ótimas práticas que contribuem muito para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Saber desacelerar e se dedicar ao autoconhecimento é também um aprendizado valiosíssimo!

Por fim, cabe reforçar que tédio e ócio são coisas distintas, mas muita gente acaba confundindo. A percepção do tédio equivale à experiência de tempo perdido, desgosto e vazio, já o ócio é terreno fértil para mil possibilidades, trata-se de um tempo dedicado ao que nos parece bom, útil, leve, agradável.

Podemos vivenciar o sentimento de tédio mesmo estando em atividade, diferentemente do ócio que se refere àquilo que fazemos por gosto ou prazer, quando desfrutamos e nos entregamos, por inteiro, à experiência. O intuito final é, portanto, tentarmos nos livrar de períodos que podem vir a ser entediantes e aproveitar essa mesma folga, pausa ou repouso para tornar o tempo mais ocioso. Ou seja, o segredo está em aprender a transformar o tédio em ócio.

Saber como lidar com o tédio na infância e na adolescência é realmente um aprendizado e um grande desafio, mas agora você já tem algumas dicas de como agir nessas situações! A presença dos pais e familiares é super importante para estimular o desenvolvimento dos filhos.

Fonte: Escola da Inteligência.